FUNDAÇÃO GETULIO VARGAS | VOL 38 | Nº 01 | JANEIRO 2018 | R$ 15,00A REVISTA DE AGRONEGÓCIO DA FGVBOI GORDO NECESSÁRIO TRAVAR O PREÇO PARA ASSEGURAR O RESULTADOANUFOOD BRAZIL MELHORAR A PROMOÇÃO DOS NOSSOS PRODUTOS CONSECANA NOVA FÓRMULA?PRODUÇÃO AGRÍCOLA EXPORTAÇÃO DE RECURSOS NATURAIS DO BRASILISSN 0100-4298Instituição de caráter técnico-científico, educativo e filantrópico, criada em 20 de dezembro de 1944, como pessoa jurídica de direito privado, tem por finalidade atuar no âmbito das Ciências Sociais, particularmente Economia e Administração, bem como contribuir para a proteção ambiental e o desenvolvimento sustentável.Sede: Praia de Botafogo, 190, Rio de Janeiro - RJ, CEP 22253-900 ou Postal Code 62.591 - CEP 22257-970 | Tel.: (21) 2559 6000 | www.fgv.brPrimeiro Presidente e Fundador: Luiz Simões LopesPresidente: Carlos Ivan Simonsen LealVice-presidente: Francisco Oswaldo Neves Dornelles, Marcos Cintra Cavalcanti de Albuquerque, Sergio Franklin QuintellaCONSELHO DIRETORPresidente: Carlos Ivan Simonsen LealVice-presidentes: Francisco Oswaldo Neves Dornelles, Marcos Cintra Cavalcanti de Albuquerque, Sergio Franklin QuintellaVogais: Armando Klabin, Carlos Alberto Pires de Carvalho e Albuquerque, Cristiano Buarque Franco Neto, Ernane Galvêas, José Luiz Miranda, Lindolpho de Carvalho Dias, Marcílio Marques Moreira, Roberto Paulo Cezar de AndradeSuplentes: Aldo Floris, Antonio Monteiro de Castro Filho, Ary Oswaldo Mattos Filho, Eduardo Baptista Vianna, Gilberto Duarte Prado, Jacob Palis Júnior, José Ermírio de Moraes Neto, Marcelo José Basílio de Souza Marinho, Mauricio Matos PeixotoCONSELHO CURADORPresidente: Carlos Alberto Lenz César ProtásioVice-presidente: João Alfredo Dias Lins (Klabin Irmãos & Cia.)Vogais: Alexandre Koch Torres de Assis, Antonio Alberto Gouvêa Vieira, Andrea Martini (Souza Cruz S/A), Eduardo M. Krieger, Estado do Rio Grande do Sul, Estado da Bahia, Estado do Rio de Janeiro, Luiz Chor, Luiz Ildefonso Simões Lopes, Marcelo Serfaty, Marcio João de Andrade Fortes, Miguel Pachá, Murilo Portugal Filho (Federação Brasileira de Bancos), Pedro Henrique Mariani Bittencourt, Tarcísio Godoy (IRB-Brasil Resseguros S.A), Ronaldo Vilela (Sindicato das Empresas de Seguros Privados, de Previdência Complementar e de Capitalização nos Estados do Rio de Janeiro e do Espírito Santo), Sandoval Carneiro Junior, Willy Otto Jordan NetoSuplentes: Almirante Luiz Guilherme Sá de Gusmão, General Joaquim Maia Brandão Júnior, José Carlos Schmidt Murta Ribeiro, Luiz Roberto Nascimento Silva, Manoel Fernando Thompson Motta Filho, Nilson Teixeira (Banco de Investimentos Crédit Suisse S.A), Olavo Monteiro de Carvalho (Monteiro Aranha Participações S.A), Patrick de Larragoiti Lucas (Sul América Companhia Nacional de Seguros), Clóvis Torres (VALE S.A.), Rui Barreto, Sergio Lins Andrade, Victório Carlos De MarchiDiretor da FGV-EESP: Yoshiaki NakanoDiretor da FGV Projetos: Cesar Cunha CamposDiretor da FGV-IBRE: Luiz Guilherme Schymura de OliveiraDiretor da FGV-EAESP: Luiz Artur Ledur BritoPublicação mensal de agronegócio e economia agrícola do Centro de Agronegócio da Fundação Getulio VargasConselho Editorial: Cleber Guarany, Marcelo Weyland Barbosa Vieira, Luis Carlos Guedes Pinto, Luiz Carlos Corrêa Carvalho, Ricardo Simonsen, Roberto Rodrigues e Yoshiaki NakanoEditor-chefe: Antônio Carlos Kfouri AidarEditor Executivo: Luiz Antonio PinazzaColaboradores: Bruno Benzaquen Perosa e Felippe Cauê Serigati Fundadores: Julian M. Chacel e Paulo Rabello de CastroCapa: Patricia Werner, Fernanda Carvalho, Julia TravassosProjeto Gráfico: Maria João Macedo [Atelier Lola] Arte: Alexandre MonteiroRevisor: Alexandre SobreiroSecretaria e Administração: Viviane de CarvalhoCoordenador da Produção Editorial: Evandro FaulinPublicidade/Comercial/Assinatura: Viviane de Carvalho Av. Paulista, 1.294, 15º andar, Tel.: (11) 3799-4104 | Fax: (11) 3262-3569contato@agroanalysis.com.brwww.fgv.br/agroanalysisAcesse o sitewww.fgv.br/agroanalysisou ligue 0800 770 88 81e assine a publicação que melhoracompanha o agronegócio4 | AGROANALYSIS - JAN 2018EDITORIALO AGRONEGÓCIO É O SEGUINTEECONOMIA EM TRAJETÓRIA DE RECUPERAÇÃOO ANO de 2017 ficará marcado pelo fim da mais longa e profunda recessão brasileira desde a Segunda Guerra Mundial. O maior problema reside, atualmente, no déficit do sistema previdenciário, que, além de elevado, é crescente no tempo. Com as denúncias envolvendo o presidente da República, o governo perdeu força junto ao Congresso Nacional para promover a reforma no âmbito necessário para o País. A votação de uma versão mais branda da reforma foi deixada para fevereiro próximo. Vamos esperar que a economia brasileira siga na trajetória de recuperação e ajuste neste ano de 2018.Embora os temas domésticos demandem grande atenção, não podemos esquecer que há importantes dilemas se desenrolando no ambiente externo. Um deles é o excesso de endividamento na eco-nomia chinesa, de 269% do seu Produto Interno Bruto (PIB) segundo o seu Banco Central. Os mercados enxergam o Brasil e, principalmente, o nosso agronegócio fortemente ligados à economia chinesa. Um problema lá, certamente, pode ter fortes impactos aqui.A falta de resultados concretos nas negociações e o adiamento do acordo entre o Mercado Comum do Sul (MERCOSUL) e a União Europeia (UE) frustraram as expectativas sobre a 11a Conferência Ministerial da Organização Mundial do Comércio (OMC). Do ponto de vista comercial, um acordo entre o MERCOSUL e a UE seria interessante para o agronegócio brasileiro. Haveria abertura para novos mercados nos 28 países da UE, com 500 milhões de consumidores. As exportações agrícolas seriam facilitadas com tarifas eliminadas e reduzidas e barreiras técnicas reformadas.Um fato cada vez mais presente nas avaliações de fluxos de comércio é que, por trás de cada tonelada transacionada, está embutido um determinado conteúdo de recursos naturais do país produtor. No caso das commodities agrícolas, há um elevado conteúdo de água e de emissões de gases do efeito estufa por trás de cada tonelada exportada. A pro-dução de 1 tonelada de soja, por exemplo, requer aproximadamente 2.200 metros cúbicos de água. A soja importada pela China em 2017 equivale a 2,55 vezes a vazão do rio Amarelo, o segundo mais extenso do país.Na agenda de eventos, estamos a quase um ano da realização da ANUFOOFD Brazil. Os preparativos seguem de maneira intensa, com a combinação do know-how alemão e da criatividade brasileira. Trata-se de um enorme esforço para oferecer uma feira de negócios que possa conectar da forma mais abrangente possível demanda e oferta para o mercado nacional e o MERCOSUL. Será uma oportunidade única para promover os produtos brasileiros ao mundo.Chama a atenção o trabalho para reformula-ção do Conselho dos Produtores de Cana-de-Açúcar, Açúcar e Etanol do Estado de São Paulo (Consecana-SP). Neste momento, a discussão está centrada na metodologia de cálculo da remune-ração da matéria-prima. A cada cinco anos, esse embate vem normalmente à tona. Nas duas pontas extremas, estão a Organização de Plantadores de Cana da Região Centro-Sul do Brasil (ORPLANA), representante dos produtores da matéria-prima, e a União da Indústria de Cana-de-Açúcar (UNICA), na defesa dos direitos da indústria.5EDITORIALNos negócios com boi gordo, o maior abate de animais na próxima safra deverá pressionar as cotações, principalmente entre abril e maio. Em um ano de incertezas como o de 2018, é fundamental buscar opções de venda ou ferramentas para a trava de preços da arroba.Na soja, os inoculantes fixadores de nitrogênio garantem uma vantagem biológica à planta. Este fenômeno diminui de forma substancial o consumo de fertilizantes nitrogenados e viabiliza economi-camente a cultura nos quatro cantos do País. No esforço para elaborar o seu planejamento estra-tégico, a Associação Nacional dos Produtores e Importadores de Inoculantes (ANPII) organiza-se para montar um banco de dados e de informações. Uma pesquisa de mercado aponta uma taxa na-cional na adoção de nutrientes ao redor de 70%, mas a variação entre as diversas regiões do País é imensa. E esta constitui uma das distorções a serem corrigidas.Na seção Abre Aspas, apresenta-se a entrevista com o empresário Mario Sergio Cutait, executivo experiente da empresa familiar MCassab e diretor do Departamento de Agronegócio (Deagro) da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp). A conversa tratou sobre o quadro de ansiedade na sociedade brasileira com a crise econômica. O ciclo de recuperação veio em 2017 e promete continuar em 2018. O ponto de incerteza está nas eleições presidenciais, de governadores e parlamentares na Câmara dos Deputados e no Senado. Este é o momento correto para o agronegócio cobrar dos candidatos um projeto competente de governo.O Caderno Especial do mês apresenta o Desafio 2050, uma realização da Associação Nacional de Defesa Vegetal (Andef), da Associação Brasileira do Agronegócio (ABAG), da Organização das Nações Unidas para a Alimentação e Agricultura (FAO) e da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa). Na agenda de trabalho, tem-se o desafio de aumentar a produção alimentar para atender o consumo de uma população crescente. A perspec-tiva é que o Brasil ocupe um espaço de liderança e protagonismo em escala mundial.FUNDAÇÃO GETULIO VARGAS | VOL 38 | Nº 01 | JANEIRO 2018 | R$ 15,00A REVISTA DE AGRONEGÓCIO DA FGVBOI GORDO NECESSÁRIO TRAVAR O PREÇO PARA ASSEGURAR O RESULTADOANUFOOD BRAZIL MELHORAR A PROMOÇÃO DOS NOSSOS PRODUTOS CONSECANA NOVA FÓRMULA?PRODUÇÃO AGRÍCOLA EXPORTAÇÃO DE RECURSOS NATURAIS DO BRASILISSN 0100-42986 | AGROANALYSIS - JAN 2018SUMÁRIO04 EDITORIAL07 ABRE ASPAS07 ENTREVISTAMARIO SERGIO CUTAITCOBRAR UM PLANO DE GOVERNO DOS CANDIDATOS11 FRASES & COMENTÁRIOS12 MACROECONOMIABALANÇO DE 201714 AGRODROPS18 MERCADO & NEGÓCIOS18 O ENDIVIDAMENTO CHINÊSO GIGANTE ESTÁ ALAVANCADO20 CAPAPRODUÇÃO DE ALIMENTOSO BRASIL PRECISA PROMOVER MELHOR O SEU PRODUTO22 CAPABOI GORDOEXPECTATIVAS PARA O MERCADO EM 201824 OMC E ACORDO MERCOSUL-UENOVOS DESAFIOS POLÍTICOS26 CAPASUSTENTABILIDADE DO AGRONEGÓCIOO CONSUMO DE RECURSOS NATURAIS NA PRODUÇÃO AGRÍCOLA28 SUSTENTABILIDADE28 COP-23DEFINIÇÕES FICARAM PARA 201829 AMAZÔNIA LEGALREDUÇÃO DO DESMATAMENTO EM 201731 CONTEÚDO ESPECIAL31 ANDEFDESAFIO 2050 E OS OBJETIVOS DE DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL39 ANPIICONHECENDO PARA PLANEJAR41 CAPAORPLANAFUTURO DO PRODUTOR DE CANA45 FAESPPERSPECTIVAS PARA 201846 COLUNAS46 DIÁRIO DE BORDOO CÉU É O LIMITE47 PRODUZIRCÓDIGO FLORESTAL EGESTÃO TERRITORIAL48 OPINIÃOATENÇÃO À PEQUENAAGROINDÚSTRIA49 REFLEXÃOESPERANDO 201850 ESTATÍSTICA7ABRE ASPASENTREVISTAEntramos em 2018, e a grave crise econômica dos últimos três anos dá sinais de abrandamento e um ciclo de recuperação descortina-se no horizonte. Os desdobramentos das eleições de outubro próximo representam, provavelmente, um dos maiores pontos de incerteza para os próximos meses. A Agroanalysis foi ouvir Mario Sergio Cutait, diretor titular do Departamento de Agronegócio (Deagro) da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp) e, também, diretor responsável das unidades de Nutrição e Saúde Animal e do desenvolvimento da unidade de Produção e Abate de Tilápias da MCassab. O entrevistado analisa os desafios do País, principalmente no agronegócio.AGROANALYSIS: PASSAMOS 2017 E ENTRA-MOS EM 2018. O CENÁRIO É DE MUDANÇA?MARIO SERGIO CUTAIT: Tivemos um ano bem atípico em 2017. Começamos cercados de ansieda-de e expectativa com o novo governo. Havia a espe-rança de continuidade nas reformas pelo Congresso Nacional. Ao contrário disso, veio uma avalanche de denúncias e gravações com envolvimento de executivos de empresas e lideranças políticas do governo. A operação Carne Fraca foi um balde geral de água fria, com impacto direto e negativo nas exportações de carnes. No segundo semestre, a economia descolou da crise política e retomou o seu ciclo de recuperação.COBRAR UM PLANO DE GOVERNO DOS CANDIDATOSMARIO SERGIO CUTAITDIRETOR TITULAR DO DEPARTAMENTO DE AGRONEGÓCIO DA FEDERAÇÃO DAS INDÚSTRIAS DO ESTADO DE SÃO PAULO (DEAGRO/FIESP)DA REDAÇÃO8 | AGROANALYSIS - JAN 2018ABRE ASPASENTREVISTAA dúvida não está na capacidade de geração e adoção de tecnologia para o campo e a agroindús-tria, mas sim na infraestrutura. Temos uma linha mestra sobre a necessidade de recursos financeiros, alinhada à visão do setor privado. A premissa está no fato de sermos imbatíveis em qualidade e custo no agronegócio, porém precisamos agregar valor aos nossos produtos.ONDE ENTRA A CERTIFICAÇÃO NESSA VI-SÃO?MSC: O Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA) acaba de lançar o selo Agro Mais Integridade. Trata-se de um prêmio de reconhecimento às empresas e às entidades do setor responsáveis pela adoção de práticas de gestão a fim de evitar desvios de conduta. É uma reposta à operação Carne Fraca, cujo escopo, de verificar os trabalhos dos frigoríficos, colocou em xeque a imagem da agricultura e da pecuária do Brasil.Somos totalmente favoráveis a essa iniciativa. O mundo atual exige informações e comunicação transparentes nos negócios. Mas, nos meios tra-dicionais de comunicação e espalhados na mídia online, o fenômeno das fake news faz parte da nossa realidade corrente. Então, o MAPA precisa formar capital humano e fornecer as ferramentas modernas para os seus funcionários realizarem um trabalho competente. Devemos trabalhar de mão dadas com o Governo. A participação brasileira no comércio internacional está abaixo de 1%.SOMOS LIBERAIS OU PROTECIONISTAS NO AGRONEGÓCIO?MSC: Falamos da necessidade de cobrarmos um plano de governo dos candidatos na próxima eleição de outubro. Somos diversificados e ex-pressivos em importantes commodities agropecuárias. Em nossa lógica, pensamos sempre em crescermos e ampliarmos as nossas exportações. Nesse racio-cínio, precisamos fazer uma revisão bem crítica. No fundo, não se trata de uma estratégia exclusiva, Entramos em 2018 com um quadro conjuntural bem mais favorável, quando consideramos as perspectivas de baixas taxas de inflação e taxas de juros. O nível de desemprego segue alto, mas mostra sinais de queda. A ocorrência das elei-ções pode ser considerada o fator mais instável, com prováveis repercussões na taxa de câmbio conforme o caminho tomado. Até lá, não senti-mos, no ambiente de negócios, uma propensão para os investimentos na indústria em geral. Será, primeiramente, aproveitada a capacidade ociosa existente.ALGUMA RECOMENDAÇÃO SOBRE AS ELEI-ÇÕES?MSC: Querendo ou não, enfrentaremos esse pro-cesso eleitoral. Poderemos ter uma posição mais incisiva na cobrança dos candidatos de um projeto de Estado. No agronegócio, em particular, sabemos do papel potencial que tem o Brasil na produção de alimentos e energia renovável. A mídia divulga isso diariamente. Não se trata de novidade para ninguém. O mundo consumirá mais 60% de ali-mentos, dos quais 40% virão daqui. Então, nada mais natural do que cobrar sobre o que, como e onde produzir.“PODEREMOS TER UMA POSIÇÃO MAIS INCISIVA NA COBRANÇA DOS CANDIDATOS DE UM PROJETO DE ESTADO.“9ABRE ASPASENTREVISTASomente com um esforço constante na adoção das melhores tecnologias os resultados aparecerão. Daí o slogan recente de “produzir mais produtos com menos recursos, a um custo justo para o consumidor”. Nesse trabalho, temos, também, que priorizar a defesa da Ciência. As decisões não podem ser norteadas pelo desvio ideológico. Devemos fazer um trabalho de comunicação de forma proativa junto à sociedade. A boa imagem do alimento oferece segurança para o consumidor; daí a importância das regras estabelecidas pelo Codex Alimentarius na OMC e da Food and Drug Administration (FDA) nos Estados Unidos.A PROTEÍNA ANIMAL CRESCE MUITO NO MUNDO?MSC: Sim. E esse processo somente se acentuará nas próximas décadas, diante de uma taxa de urba-nização maior nos países e do ganho de renda da população, principalmente no continente asiático. Tivemos um incremento expressivo no consumo de proteína animal nos últimos quarenta anos. Se fizer-mos uma projeção para o horizonte de 2050, como mostram as estimativas apontadas pela Organização das Nações Unidas para a Alimentação e Agricultura (FAO) e pela Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), os números aumentam próximo de quatro vezes.ESTES NÚMEROS PODEM SER VALIDADOS?MSC: Uma das nossas maiores preocupações com relação ao futuro do setor sempre foi o rigor na apresentação das estatísticas e no uso de metodo-logias comuns. Isso é essencial para que haja uma melhoria nas perspectivas e nas estratégias de médio prazo, quando se analisam os próximos dez a vinte anos. Apesar dos esforços dispendidos, falta ainda, por exemplo, um acordo quanto aos números da produção global de alimentos compostos para animais. A área de aquicultura pode ser considerada como uma das mais críticas.Temos de reverter essa situação. Para tanto, a Divisão de Estatística da FAO e a International pois o objetivo da grande maioria dos países é o de simplesmente exportar.A Organização Mundial do Comércio (OMC) desenvolve um trabalho hercúleo com o objetivo de obter consenso de quase 170 países nas negocia-ções. Mas, o seu trabalho sempre representou um avanço para as transações mundiais. O questiona-mento para o agronegócio é se seremos liberais ou protecionistas no mercado internacional. Estamos preparados para importar borracha, café, camarão e trigo, dentre outros produtos? Para argumentar-mos nas rodadas de negociação, teremos de tratar de cotas e tarifas não só nas exportações, como também nas importações.COMO OLHAR A INOVAÇÃO NA NUTRIÇÃO ANIMAL?MSC: Este tema entrou na agenda e continuará a ser considerado como de muita importância nos próximos anos. A alimentação representa aproxi-madamente 70% dos custos da proteína animal. É uma participação muita alta, que chama a atenção dos empresários. Por isso, um dos grandes desa-fios dessa indústria consiste na implantação de estratégias para se manter eficiente e sustentável. No final da cadeia produtiva, isso impacta positi-vamente no menor preço pago na rede varejista pelo consumidor. Ganha a sociedade.“EM NOSSA LÓGICA, PENSAMOS SEMPRE EM CRESCERMOS E AMPLIARMOS AS NOSSAS EXPORTAÇÕES.“10 | AGROANALYSIS - JAN 2018ABRE ASPASENTREVISTA“TIVEMOS UM INCRE-MENTO EXPRESSIVO NO CONSUMO DE PROTEÍ-NA ANIMAL NOS ÚLTI-MOS QUARENTA ANOS.“Feed Industry Federation (IFIF) passaram a co-laborar na coleta, na análise e na validação de estatísticas de global feed. O objetivo é alcançarmos a harmonização das estatísticas de alimentação global. Essa é uma responsabilidade que cabe a toda a cadeia alimentar, que, no conjunto, possui o dever de garantir alimento sustentável, seguro e nutritivo.E AS EXPERIÊNCIAS BRASILEIRAS?MSC: Em nosso trabalho no Deagro, da Fiesp, participamos de três experiências muito ricas, com o Outlook Fiesp – Projeções para o Agronegócio Brasileiro, o Índice de Confiança do Agronegócio (IC Agro) e o Food Trends. Os dois primeiros servem de referência aos downloads registrados nos indicadores de busca da Fiesp. Em seus lançamen-tos, são mais de 100 mil acessos. Com relação ao terceiro, estamos planejando a formatação de um trabalho futuro.Next >