< Previous10 | AGROANALYSIS - JAN 2019ABRE ASPASENTREVISTAum tópico específico sobre mitos e fatos para esclarecimento da população. No ITAL, temos a preocupação de fortalecer a comunicação com a sociedade e o consumidor, que passaram a ser o foco da missão da instituição. Por isso, reforçamos nosso setor de Comunicação, que desenvolveu um Plano de Comunicação a ser colocado em prática a partir do ano que vem.COMO O CONSUMIDOR FICA NO MEIO DES-SA PROFUSÃO DE INFORMAÇÕES?LM: As pessoas estão confusas. Diversas pesquisas mostram isso. Temos os resultados da HealthFocus do levantamento com brasileiros sobre consumo de alimentos para se manterem saudáveis. Mais da metade (51%) possuem dificuldade de decidir, porque as informações, além de muitas, sempre mudam. Um quarto alega que está confuso porque nunca realmente aprendeu sobre nutrição. Já um quinto não sabe priorizar os pontos importan-tes das informações disponíveis nas embala-gens dos alimentos.De acordo com outra pesquisa – intitulada “A Mesa dos Brasileiros” –, feita em 2018 pela Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), com 3 mil consumidores em doze Regiões Metropolitanas do Brasil, cerca de 72% acreditam que fazer mais exercícios e comer menos são as formas de atingir o peso ideal; no entanto, 68% não fazem atividade física com regularidade e 78% não fazem regime ou não seguem alguma dieta.Precisa ficar claro que culpar a indústria de ali-mentos não tornará a população mais saudável, mas que manter hábitos saudáveis, sim. É preciso moderação na quantidade de comida ingerida e na diversidade nutricional para o atendimento das recomendações diárias de energia e nutrientes. Isso é possível, muitas vezes, por meio dos alimentos industrializados. Daí a necessidade de salientar o empenho das indústrias de alimentos e bebidas em adequar cada vez mais seus produtos a essa nova situação.“O PRINCIPAL EMBATE ESTÁ NA CRIAÇÃO E NA CONDENAÇÃO DOS ALIMENTOS CLASSIFICADOS COMO ‘ULTRAPROCESSADOS’ (...) SEM EMBASAMENTO CIENTÍFICO E TECNOLÓGICO.“ANTONIO CARRIERO11ABRE ASPASFRASES & COMENTÁRIOSACESSE ONLINE OS ARTIGOS DA AGROANALYSIS. PREENCHA O CADASTRO E TENHA ACESSO GRATUITO ÀS EDIÇÕES COM MAIS DE SEIS MESES.WWW.AGROANALYSIS.COM.BROs resultados das eleições jogaram fora manuais antigos. Precisamos de massa crítica para receber e construir juntos os projetos de governo. As críticas construtivas e as divergências legítimas fazem parte desse processo.Como há pressão da sociedade para mudanças na relação entre governo e Parlamento, a composição dos Ministérios é feita por líderes políticos pertencentes a partidos que apoiam a presidência.Temos de desmistificar conflitos fictícios envolvendo o agro, como nas questões indígenas e do meio ambiente. As pautas são complementares, e não antagônicas.ALCEU MOREIRA, deputado fede-ral (MDB/RS) e novo presidente da Frente Parlamentar da Agropecuá-ria (FPA) LUCIO BERNARDO JR.O aumento dos recursos para subsidiar o seguro rural será um estímulo para os bancos privados ampliarem a oferta de crédito a produtores e empresas do setor agrícola.Tentaremos aprovar uma Lei Plurianual para a agricultura com orçamento planejado para um período de cinco safras, nos moldes da Farm Bill americana.LUIS MACEDOO nosso plano inclui abertura comercial para o agronegócio, fortalecimento de pequenas cadeias produtivas, melhoria do ambiente de negócios e maior estímulo à produção agrícola no Nordeste.Trabalharemos na reestruturação da defesa agropecuária, na flexibilidade do registro de agrotóxicos e na revisão da lei para o licenciamento ambiental.Faremos uma gestão moderna, ágil e condizente para o País crescer. A nossa interlocução será diária e direta com o setor produtivo, os agricultores e a FPA.TEREZA CRISTINA, ministra do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA)12 | AGROANALYSIS - JAN 2019MACROECONOMIATUDO INDICA que a economia brasileira cami-nhará, em 2019, para um rumo mais favorável do que o verificado ao longo dos últimos anos. De fato, a recessão verificada desde 2015 foi uma decor-rência direta dos graves erros de política econômica cometidos ao longo do governo Dilma. Sob essa perspectiva, os descalabros do lado fiscal levaram a uma grave deterioração das contas públicas brasi-leiras, com um acelerado endividamento público. O governo Temer reverteu em parte os danos causados pela má gestão, mas os estragos foram significativos, e o resultado impõe um considerável desafio de ajuste das contas para o governo Bolsonaro.Ao mesmo tempo, a política monetária praticada ao longo do governo Dilma mostrou-se tolerante durante muito tempo com patamares de inflação cada vez mais elevados. A partir disso, o choque adverso ocorrido por conta da elevação das tarifas de energia elétrica em 2015 gerou uma forte ace-leração da inflação. Esse processo inflacionário só foi contido no governo Temer, quando o Banco PERSPECTIVAS PARA 2019ROGÉRIO MORIProfessor da Escola de Economia de São Paulo da Fundação Getulio Vargas (FGV-EESP)SHUTTERSTOCK13MACROECONOMIACentral, já sob um novo comando, passou a focar de forma mais contundente a inflação.De qualquer forma, o Brasil vivenciou, ainda, em 2018 os rescaldos herdados da má gestão da política econômica durante o governo Dilma. O baixo crescimento econômico verificado no ano, de pouco mais de 1%, deveu-se, em boa medida, ainda ao elevado grau de endividamento relativo das famílias, o que limitou o potencial de expansão do consumo no ano. Desta forma, mesmo com a taxa básica de juros – Selic – no menor patamar histórico desde a implementação do real (em junho de 1994), observou-se uma reação aquém da esperada do lado da demanda e da atividade econômica brasileira.As perspectivas para 2019 mostram-se um pouco mais favoráveis do ponto de vista econômico. De fato, as projeções apontam para um crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) superior a 2,5% neste ano, sinalizando uma retomada da atividade econômica, ainda que em bases mais moderadas. Essas projeções refletem, ainda, a perspectiva de uma recuperação lenta da demanda, em função do elevado endividamento relativo das famí-lias brasileiras.Ainda no campo positivo, não se espera uma alta expressiva da inflação neste ano: as projeções apontam para uma variação do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) da ordem de 4,1%. O comportamento da evolução dos preços em 2019 fica relativamente em linha com o cenário de recuperação lenta. Isso sugere pouca necessidade de aperto monetário no ano, e as projeções do mercado financeiro apontam para um fechamento da meta da taxa básica de juros em 7,5% ao ano em 2019.As maiores dificuldades para o governo Bolsonaro e para o ano residem na questão fiscal. Conforme mencionado anteriormente, a aceleração dos gastos durante o governo Dilma levou a um forte processo de elevação do endividamento público. O governo Temer apenas estancou o processo de deterioração, mas o déficit nominal continuou elevado ao longo dos últimos anos, situando-se em 8,0% do PIB em 2016, 7,7% do PIB em 2017 e 6,5% do PIB no resultado acumulado em 2018 até outubro. Os resultados só não foram piores porque o governo federal realizou um expressivo aperto.Nesse sentido, embora o País necessite de uma ampla reforma fiscal, que crie elementos para tornar o Estado brasileiro mais enxuto e eficiente, a prioridade zero para o governo Bolsonaro deve ser a reforma previdenciária. A análise dos dados, nesse caso, é reveladora: enquanto o governo federal registrou um superávit primário acumulado até outubro em 2018 da ordem de R$ 102,6 bilhões (1,9% do PIB), o déficit do INSS foi de R$ 168,1 bilhões no mesmo período. Em outras palavras, o superávit construído pelo governo federal foi consumido inteiramente pelo resultado do INSS, gerando, ainda, um déficit primário no âmbito do governo central.Uma reforma da previdência, para ter chances de sucesso, tem que ser enviada logo nos primeiros meses do ano. Tudo indica que o novo governo encaminhará esse assunto ao Congresso ainda no início de 2019.14 | AGROANALYSIS - JAN 2019AGRODROPSAGRODROPSCORRESPONDÊNCIAS PARA ESTA SEÇÃO DEVEM SER ENVIADAS PARA O E-MAIL AGRODROPS@AGROANALYSIS.COM.BRSUBSÍDIOS AGRÍCOLAS NO MUNDODe acordo com a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), a média do apoio total de subsídios para a agricultura, no período de 2015 a 2017, foi de US$ 620 bilhões. O rela-tório leva em conta 51 países. Quase 75% desses recursos vieram da China (US$ 263 bilhões), da União Europeia (US$ 107 bilhões) e dos Estados Unidos (US$ 94 bilhões). As subvenções crescem nos países emergentes e se reduzem nos ricos. No Brasil, a ajuda governamental representa 0,3% do Produto Interno Bruto (PIB) e menos de 3% da renda do agricultor. Esses números são menores apenas na Nova Zelândia.CRESCE O DESMATAMENTO NA AMAZÔNIA LEGALEntre 2017 e 2018, o desmatamento voltou a aumentar na Amazônia. O nível atingido é o maior da última década. As informações são do Projeto de Monitoramento do Desmatamento na Amazônia Legal por Satélite (PRODES), sob responsabilidade do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE). Desde 2013, esses dados mostram tendência de crescimento, com o seu pico tendo acontecido em 2016. Para as taxas anuais de desmatamento, são consideradas derrubadas superiores a 6,25 hectares.DESMATAMENTO DA AMAZÔNIA LEGAL(MILHÕES DE QUILÔMETROS QUADRADOS)Fonte: PRODES/INPELABORATÓRIO DE ALTA SEGURANÇAFoi inaugurada, em Campinas-SP, uma unidade do Laboratório Nacional Agropecuário (LANAGRO), reconhecido pela Organização Mundial de Saúde Animal (OIE) como um dos dez laboratórios do mundo a atuar como referência no diagnóstico de influenza aviária e doença de Newcastle. O projeto foi focado na identificação de doenças de aves, mas concebido para ser multipropósito, com uso para diagnóstico de outras doenças de animais. O emprego de métodos moleculares possibilitará a identificação rápida de doença em caso de emergência sanitária.30,025,020,015,010,05,0098/9907/0815/1603/0411/1201/0200/0109/1017/1805/0613/1499/0008/0916/1704/0512/1302/0310/1106/0714/1515AGRODROPSNOVOS ADIDOS AGRÍCOLASCriada em 2008, a figura do adido agrícola visa minimizar os obstáculos às exportações do agronegócio nos mercados consumidores e nos centros de negociação de acordos e normas internacionais. A primeira leva assumiu a função em junho de 2010 em oito Embaixadas: Washington (Estados Unidos), Buenos Aires (Argentina), Genebra (Suíça), Bruxelas (Bélgica), Tóquio (Japão), Pequim (China), Pretória (África do Sul) e Moscou (Rússia). Em novembro de 2010, foram nomeados mais seis, para Bruxelas (Bélgica), Bogotá (Colômbia), Ottawa (Canadá), Rabat (Marrocos), Cairo (Egito) e Jacarta (Indonésia).Recentemente, em novembro de 2018, foram designados mais seis adidos, para: Colômbia (Marcus Vini-cius Segurado Coelho), Canadá (Luciana Pimenta Ambrozevicius), Marrocos (Nilson César Castanheira Guimarães), Egito (Cesar Simas Teles), Indonésia (Gustavo Bracale), além de outro funcionário para reforçar a atuação do Brasil em Bruxelas, na Bélgica (Guilherme Costa). No total, são vinte profissionais.BRASIL NAS EXPORTAÇÕES AGRÍCOLASEntre as cadeias produtivas do agronegócio, o Brasil destacou- se, em 2017, em pelo menos sete no ranking mundial: quatro em primeiro lugar, uma em segundo e duas em quarto. Nas oleaginosas (incluindo soja), no açúcar, no tabaco e no frango, o País manteve posição de liderança bem consolidada. Em bo-vinos, a Índia liderou, com o seu enorme rebanho de búfalos. Na suinocultura, China, União Europeia e Estados Unidos li-deraram. No algodão, predominaram Estados Unidos, Índia e Austrália, mas com avanço dos embarques brasileiros.BRASIL: PARTICIPAÇÃO E POSIÇÃO NAS EXPORTAÇÕES AGRÍCOLAS EM 2017PRODUTOParticipação %PosiçãoOleaginosas40,01ºAçúcar53,81ºTabaco14,11ºFrango34,01ºBovinos17,42ºSuínos9,74ºAlgodão 10,44ºFonte: OMCACORDO PARA REDUZIR O CONSUMO DE AÇÚCARO Brasil será um dos primeiros países do mundo a fazer um acordo do tipo com a indústria de alimentos e bebi-das. Segundo o Ministério da Saúde (MS), o acordo segue o mesmo modelo daquele feito para a redução de só-dio, que diminuiu mais de 17 mil toneladas de sódio dos alimentos processados em quatro anos. A Organização Mundial da Saúde (OMS) sugere um consumo de açúcar de até 50 gramas por dia, enquanto o brasileiro con-some 80 gramas por dia, sendo que 36% são constituídos de açúcares presentes nos alimentos industrializados.PLANO NACIONAL DE FLORESTAS PLANTADASO Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA) lançou o Plano Nacional de Desenvolvi-mento de Florestas Plantadas (PlantarFlorestas). As suas ações estão previstas para os próximos dez anos. O objetivo é aumentar em 20% a área de 10 milhões de hectares plantados principalmente com eucalipto, pínus e acácia, de acordo com dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O País lidera o ranking de produtividade florestal, com 35,7 m³/ha/ano, quase duas vezes acima dos países do hemisfério Norte.16 | AGROANALYSIS - JAN 2019MERCADO & NEGÓCIOSUM NOVO relatório elaborado pelo con-junto de países que compõem a Plataforma para o Biofuturo, com a participação da Agência Internacional de Energia (IEA, na sigla em inglês) – organismo vinculado à Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) – e da Agência Internacional de Energias Renováveis (IRENA, também em inglês), foi lançado em Brasília, no final de novembro, e no-vamente em Katowice, na Polônia, durante a 24ª Conferência das Partes da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (COP-24/UNFCCC, nas siglas também em inglês).O relatório afirma que as metas mundiais de redução de gases do efeito estufa – que visam limitar o aquecimento global a 2 °C até 2050 – não podem ser atingidas sem um uso maior de biocombustíveis e bioprodutos. Intitulado “Criando o Biofuturo: um relatório sobre o estado da bioeconomia de baixo carbono”, o relatório afirma, ainda, que os biocombustíveis e os bio-produtos devem desempenhar um papel integral na transição energética global, em conjunto com outros esforços complementares de mitigação em todos os setores.Como principais barreiras, o relatório identifica que há: (i) recursos financeiros escassos para a produção em escala comercial, devido a uma percepção de risco elevado que inibe pesquisa, desenvolvimento e implantação; (ii) falta de competitividade com combustíveis fósseis tradicionais, devido a subsídios destes últimos e aos custos consolidados de uma indústria madura; (iii) regulamentação incompleta e desfavorável, que não coordena de forma eficaz e competitiva as necessidades da economia agrícola e alimentar; e (iv) fornecimento insuficiente, não confiável ou caro de fontes de biomassa para a produção de biocombustíveis.Segundo o doutor Fatih Birol, diretor executi-vo da IEA, “a bioenergia moderna é o gigante negligenciado do campo de energia renovável. Políticas inteligentes e rigorosas regulamentações de sustentabilidade serão essenciais para viabilizar todo o seu potencial”.BIOENERGIA E BIOCOMBUSTÍVEIS NO CENTROESTRATÉGIA GLOBAL DE MOBILIDADEPLINIO M. NASTARIPresidente da DATAGRO e representante da sociedade civil no Conselho Nacional de Política Energética (CNPE)SHUTTERSTOCK17MERCADO & NEGÓCIOS“A bioenergia é uma ótima maneira de equilibrar a produção intermitente de eletricidade, principal-mente eólica e solar”, disse Kimmo Tiilikainen, ministro do Meio Ambiente, Energia e Habitação da Finlândia, um dos países participantes da Plataforma para o Biofuturo juntamente a Brasil, China, França, Índia, Reino Unido e EUA, entre outros. “No entanto, o papel da bioenergia nos setores de aquecimento e transporte é ainda mais importante e, diria, crucial. É claro que eletrificar o setor de transportes é uma tendência importante, mas, com os biocombustíveis, podemos alcançar reduções de CO2 rapidamente e com a atual frota de transportes”, completou Tiilikainen.De acordo com o relatório, cerca de 130 bilhões de litros de biocombustível foram produzidos anualmente em 2016, em um mercado avalia-do em aproximadamente US$ 170 bilhões por ano, principalmente com as vendas de etanol de primeira geração e biodiesel. A produção global de biocombustível deve aumentar para mais de 200 bilhões de litros por ano até 2025 e para mais de 1.100 bilhões de litros por ano até 2050, para estar alinhada aos cenários de mitigação de mudanças climáticas desenvolvidos pela IEA e pela IRENA.Para superar as barreiras e acelerar a implantação de biocombustíveis e outros bioprodutos, o relatório recomenda que os países estabeleçam metas claras e mapeiem os caminhos potenciais para criar e implan-tar um pacote abrangente de intervenções, incluindo: apoio a tecnologia e inovação; políticas para apoiar a demanda do mercado e incentivos vinculados a medidas de sustentabilidade e avaliações do ciclo de vida do carbono; e fortes instrumentos financeiros para permitir o desenvolvimento da bioeconomia.É nesse contexto que o Brasil se apresenta, mais uma vez, como a grande referência internacional da bioenergia e dos biocombustíveis, ao substituir, em 2018, mais de 43% da gasolina por etanol e mais de 10% do diesel por biodiesel. Revestem-se, ainda, de elevada importância estratégica a aprovação e a regulamentação do RenovaBio e a sanção da Lei nº 13.755/18, que instituiu o Rota 2030, programa que cria um programa de indução a ganhos de eficiência energética e ambiental para veículos no Brasil. Em 10 de dezembro último, na solenidade de sanção do Rota 2030, dirigida pelo presidente Michel Temer, a Toyota anunciou a instalação no Brasil da primeira linha de montagem mundial de veículos híbridos com a tecnologia flex, capazes de utilizar etanol combustível.18 | AGROANALYSIS - JAN 2019MERCADO & NEGÓCIOSA COMPANHIA Nacional de Abastecimento (Conab) estima para a safra atual (2018/19) um crescimento de 23,2% da área com algodão no Brasil em relação à passada. Será o segundo ano consecutivo de aumento, passando de 1,17 milhão de hectares para 1,45 milhão de hectares semeados. Com o aumento da área e um clima favorável, a produção de pluma deverá crescer 17,8%, totalizando 2,36 milhões de toneladas.Apesar da previsão de uma maior oferta interna, as exportações e o consumo interno deverão seguir aquecidos, o que deverá dar sustentação às cotações no mercado brasileiro em 2019, especialmente no período de entressafra (primeira metade do ano). A Conab estima um incremento de 33,0% nas exportações de pluma e um aumento de 7,1% no consumo interno em 2019.Com base nesse cenário, a estimativa é de um bom lucro para o produtor, mas significativamente inferior ao da safra passada.RESULTADOS PARA O PRODUTORNa temporada que se encerrou (2017/18), a área com algodão aumentou 25,1% no País em face da área da colheita anterior. A cotonicultura teve crescimento, principalmente na segunda safra, com a ocupação de áreas semeadas com milho no ciclo anterior. No total, foram colhidos 2 milhões de toneladas de pluma – um aumento de 31,1%, segundo a Conab.Com relação aos preços, apesar da maior oferta do produto, o aumento das exportações, com dólar valorizado, e a demanda interna aquecida em 2018 puxaram para cima as cotações no mercado brasi-leiro, em reais. Os embarques cresceram 19,9% e o consumo doméstico aumentou em 2,2% em 2018 em relação 2017. Com isso, os preços da pluma saíram de um patamar de R$ 90,00/@ em São Paulo, em janeiro, para ultrapassar os R$ 120,00/@, em maio e junho últimos. Com a colheita a partir de julho e uma maior disponibilidade, os preços cederam para R$ 100,00/@.Definido o cenário da safra passada e traçada a expectativa para a atual, é possível calcular o resul-tado do produtor de algodão de Mato Grosso. Os ALGODÃOOFERTA MAIOR E RESULTADOS BONSRAFAEL RIBEIRO DE LIMA FILHOZootecnista da Scot ConsultoriaSHUTTERSTOCK19MERCADO & NEGÓCIOSdados de custo de produção e das produtividades médias utilizadas são do Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (IMEA).O preço de venda considerado para 2017/18 é uma média das cotações em 2018. Nesse caso, a atividade apresentou um lucro médio de R$ 2.990,53. Se considerarmos os preços mais altos na temporada – ao redor de R$ 110,00/@ no estado –, o produtor teve um lucro de R$ 4.481,31 por hectare.Para 2019, foram feitas projeções para o preço de venda com base no cenário de oferta e demanda apresentado e no câmbio de R$ 3,80/US$ no final de 2019. Esse é o valor do dólar segundo o boletim Focus do Banco Central de 17 de dezembro. Assim, a expectativa é de um preço médio para a pluma 2,5% menor do que a média de 2018.Mesmo com preços de venda menores, ligeira queda na produtividade e aumento do custo de produção (+10,9%) na temporada atual, a expectativa é de um lucro de R$ 1.736,62 por hectare de algodão em Mato Grosso.O resultado econômico previsto para a safra atual é pior do que o registrado na temporada passada, mas, ainda assim, a cultura deverá dar bons lucros. No entanto, é preciso monitoramento do mercado e posicionamento com relação à comercialização, já que os melhores preços para vendedor deverão ocorrer no primeiro semestre.MATO GROSSO: ESTIMATIVAS DE RESULTADOS DA VENDA DE PLUMA DE ALGODÃOPARÂMETROS2017/18 (preço médio de 2018)2017/18 (melhor preço da safra)2018/19Custo de produção (R$/ha)8.036,698.036,698.910,99Preço de venda (R$/@)96,90110,0094,48Produtividade (@/ha)113,80113,80112,70Receita (R$/ha)11.027,2213.087,0010.647,61Resultado (R$/ha)2.990,534.481,311.736,62Fonte: IMEA; Scot ConsultoriaSÃO PAULO: PREÇOS DE PLUMA DE ALGODÃO TIPO 41-4Fonte: Cepea14012010080604020R$/@US$/@jan/17fev/17mar/17abr/17mai/17jun/17jul/17ago/17set/17out/17nov/17dez/17jan/18fev/18mar/18abr/18mai/18jun/18jul/18ago/18set/18out/18nov/18dez/18Next >